Um levantamento feito em 24 munícipios da Paraíba revela que 46,4% dos empresários estão com estabelecimentos totalmente ameaçados pelas medidas de isolamento social impostas pelo Governo do Estado e pelas prefeituras, em razão da pandemia do novo coronavírus. Passados quase três meses desde o início da crise, 26,8% das empresas continuam totalmente fechadas. Os números foram divulgados nesta segunda-feira (8) pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) na Paraíba.
A sondagem mostra que 42% dos empresários afirmam que conseguirão manter seus negócios por no máximo dois meses caso não haja nenhuma mudança no cenário local. Já 28,3% dos entrevistados não conseguirão honrar com seus compromissos nos próximos quinze dias se nenhuma medida de flexibilização ou de retomada da economia seja apresentada pelos poderes públicos.
Para amenizar os prejuízos causados pela crise, 51,4% dos empresários afirmam ter recorrido a empréstimos bancários ou a familiares e terceiros. No entanto, apenas 8,7% conseguiram alguma linha de financiamento dos programas lançados pelos governos Federal e Estadual. Pelo menos 23,2% continua tentando obter crédito.
Impactos no faturamento
Os impactos no faturamento foram sentidos em 89,3% dos estabelecimentos. E apenas 0,7% apresentaram aumento no faturamento. 22,5% decretaram o fechamento do estabelecimento.
Demissões e modificações nas relações de trabalho
As demissões se tornaram recorrentes nesse momento de pandemia. 37,7% dos empresários afirmaram que demitiram funcionários devido à crise. 38,4% deram férias coletivas aos funcionários no mês de maio. Já 18,8% adotaram o home office como alternativa. A Medida Provisória 936/2020 também foi lembrada pelos empresários como medida para evitar ainda mais desligamentos de trabalhadores.
Mudanças nos negócios
Perguntados sobre as áreas onde deverão acontecer as principais mudanças pós-pandemia, 33,6% afirmam que as empresas sofrerão modificação na equipe/ na quantidade de funcionários. E 22,6% deverá realizar mudanças na modalidade de venda. Para 21,2% as alterações deverão ser mais sentidas no preço do produto/serviço.
Serviço de delivery é dispensável para maioria
Segundo a pesquisa, 30,4% dos empresários não adotou o delivery como alternativa por considerar o serviço dispensável para o tipo de negócio. Contudo, 18,8% passaram a utilizar devido ao momento atípico e pretende continuar após a normalização da economia. Já 14,4% ainda pretende adotar o serviço e 14,5% já utilizava.
Plataformas online e comunicação digital ganharam força
As mídias sociais (Instagram e WhatsApp), sites e aplicativos de vendas já eram utilizados por 47,1% dos empresários. Porém, 30,4% aumentaram a disponibilidade devido à pandemia. E 10,9% passaram a utilizar o serviço nos últimos meses.
Para 89,1% a comunicação digital será mais importante com o fim da pandemia. Sendo este um serviço considerado vantajoso para 84,2% dos entrevistados.
Empresários estão pouco otimistas
Apenas 8% dos empresários afirma estar totalmente otimistas com a retomada da economia após o fim da pandemia. 28,3% diz que precisará de um ano ou mais para estabilizar seus negócios e 26,1% precisará de seis meses ou mais até que tudo se normalize.
Empresários estão preocupados com a saúde dos trabalhadores e com o risco de falência
Entre as preocupações mais citadas lojistas estão: a saúde dos funcionários, a falta de clientes, o aumento dos preços repassados pelos fornecedores, o não cumprimento das medidas de segurança, a demora na normalização das atividades, a falta de crédito e o risco de falência.
As medidas consideradas mais importantes para o retorno gradativo das atividades econômicas, segundo os empresários são o uso permanente da máscara, a abertura do comércio em horários alternativos e a utilização do termômetro digital para o acesso ao interior dos estabelecimentos.
Metodologia
Foram ouvidos 138 empresários, homens e mulheres, de 24 municípios paraibanos, com empresas dos setores de comércio, serviço, indústria, supermercado, turismo, educação, saúde e transporte de passageiros. A pesquisa foi realizada através de questionário online enviado aos empresários e possui confiança de 95%.
As cidades participantes da pesquisa possuem atuação de alguma CDL ou estão localizadas numa região próxima à atuação do Movimento Lojista.
Plano de retomada
O governador João Azevêdo (Cidadania) apresentou no domingo (31 de maio), por meio de transmissão ao vivo nas redes sociais, o plano de retomada da atividade econômica na Paraíba, que ocorrerá a partir do dia 15 de junho. O modelo é composto por quatro conjuntos de indicadores comportamentais e epidemiológicos que irão gerar uma nota, indicando os setores econômicos que poderão ser abertos em cada município.
A obediência ao novo e mais rígido isolamento social, que começa a valer nesta segunda-feira (1º), e às taxas de progressão de casos novos, ocupação hospitalar e letalidade serão parâmetros que irão gerar uma pontuação em bandeiras verde, amarela, vermelha ou preta para cada município do estado.
O município que apresentar a bandeira verde poderá ter todos os setores da economia em funcionamento, adotando as medidas de distanciamento social. A bandeira amarela indicará restrição de funcionamento de atividades que representam maior risco para o controle da epidemia. A bandeira vermelha permitirá a liberação apenas das atividades essenciais e a preta, representa restrições adicionais de locomoção.
A retomada das atividades econômicas obedecerá quatro fases: início da flexibilização, ampliação da flexibilização, abertura controlada e novo normal. A mudança de cada fase terá um intervalo mínimo de 14 dias, mediante a critérios como a redução do número de casos por pelo menos 14 dias contínuos, aplicação de testes rápidos e a capacidade do sistema de Saúde.
O governador afirmou, durante a transmissão ao vivo, que todos os segmentos da economia serão ouvidos a partir desta segunda-feira (1º), oportunidade em que as Secretarias e órgãos do governo estadual irão apresentar o plano e receber sugestões dos setores produtivos.
Fonte: Portal Correio