Ao perceber que seus alunos adotavam critérios como simpatia e amizade para a escolha dos dirigentes do grêmio estudantil, a professora Cláudia Mariano da Silva Álvares resolveu abordar nas aulas temas relacionados ao processo eleitoral brasileiro ao longo do tempo. “Nosso objetivo foi possibilitar aos estudantes a escolha de seus representantes de forma consciente”, explica a professora que criou o projeto Pequeno Cidadão – Grande Transformação, desenvolvido com turma do quinto ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio Ribeiro, no município paulista de Marília. “E a diferença verificada foi muito grande.”
Realizado de abril a setembro de 2012, o projeto englobou quase todas as disciplinas. Nas aulas de artes, por exemplo, Cláudia apresentou o quadro Independência ou Morte, do pintor Pedro Américo (1843-1905), para ser analisado e reproduzido por seus alunos. Além das aulas normais, Cláudia promoveu atividades extraclasse, como o envio de cartas a ex-exilados políticos, pesquisas nas ruas com moradores do bairro sobre a importância do voto e visita à Câmara de Vereadores. Os estudantes estiveram também no cartório eleitoral para uma simulação de voto em urna eletrônica. “Trabalhamos de forma bem ampla”, diz.
O projeto foi finalizado com a eleição do representante da turma. O primeiro passo, antes da eleição, foi o lançamento das candidaturas. Cláudia teve então a oportunidade de avaliar as transformações ocorridas com os alunos no decorrer do desenvolvimento do projeto. “Eles perceberam, realmente, o que era preciso fazer para votar de forma consciente e escolher bem um candidato”, analisa.
Segundo a professora, durante o lançamento das candidaturas, alguns nomes eram questionados pelos estudantes pelas atitudes nem sempre corretas e por eventuais advertências sofridas. Para ela, as crianças entenderam que o candidato eleito vai representar a todos durante um período de tempo e que o processo ficará comprometido se for feita uma escolha errada.
O projeto colocou a pedagoga, com 15 anos de experiência no magistério, entre os vencedores do 6º Prêmio Professores do Brasil, promovido pelo Ministério da Educação.
Inovação nas aulas de química
Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, em Ji-Paraná (RO), um projeto pedagógico para ensino de química estimulou a pesquisa e a curiosidade dos alunos do ensino médio.
O projeto, Qualidade da Água: Sinônimo de Vida Saudável, elaborado pelo professor Geremias Dourado da Cunha, 26 anos, foi distinguido na sexta edição do Prêmio Professores do Brasil, promovido pelo Ministério da Educação. Os alunos do primeiro e do segundo anos do ensino médio foram instigados a pesquisar a qualidade da água nos poços artesianos da comunidade rural de Nova Londrina, com dois mil habitantes, a 20 quilômetros de Ji-Paraná.
O resultado surpreendeu professor e estudantes, que esperavam que a qualidade da água dos poços seria superior à da rede de abastecimento e seria a responsável por problemas de saúde, como disenteria.
Os alunos coletaram dados dos 87 poços, usados por 122 casas da comunidade. De acordo com a análise básica, feita pelos estudantes com material fornecido pela Universidade Federal de Rondônia, verificou-se a acidez da água e a quantidade de ferro. Paralelamente, outra pesquisa da universidade avaliou o índice de coliformes, considerado alto na água dos poços.
Composição – “Os alunos do ensino médio estudaram a composição química da água e aprenderam que o pH deve estar entre 6 e 8 para não prejudicar a saúde. A água dos poços indicou 9, inapropriado, que pode causar disenteria”, esclarece o professor. Em química, pH é o símbolo para a grandeza físico-química potencial hidrogeniônico, que indica a acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma solução aquosa.
O grande mérito do projeto, para Cunha, é mostrar a química no dia a dia. Os alunos se entusiasmam e aprendem mais facilmente. “Essa parte da matéria para que serve o pH e como ele pode ser identificado, passou a ter interesse maior porque os estudantes puderam relacionar a teoria à prática. A química ficou menos chata porque perdeu a abstração de quando a gente está na sala de aula”, destaca.
Empolgado com o projeto, que conquistou o primeiro lugar também no Prêmio Construindo a Nação 2011-2012, em Rondônia, o professor já deu início ao próximo, na área de química e biologia para o ano letivo de 2013. “Vamos catalogar as plantas medicinais que a população de Nova Londrina usa, pesquisar as propriedades químicas e contrapor a crença com a ciência”, explica.
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