Os números crescentes de assassinatos relacionados a mulheres na região de Campina Grande, não estão diretamente ligados a violência doméstica, ou seja, os crimes que envolvem homicídios de mulheres estão mais relacionados à violência urbana, o que afeta a todas as parcelas da sociedade.
Esta é a avaliação da Gerente da Coordenadoria da Mulher em Campina Grande, Ana Cleide Farias Rotondano. “A violência vem crescendo muito, é lamentável, porém não é só contra mulher. Temos que analisar que grande parte das vítimas poderiam ser homens, já que os crimes cometidos estão mais relacionados à violência urbana, do que propriamente ao ambiente doméstico”.
A gerente explicou que, o município de Campina Grande está entre as 34 cidades paraibanas que assinaram o Pacto Estadual de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, e que há ano, está estruturando uma Coordenadoria de Políticas Publicas para Mulheres com projetos enviados ao Governo Federal que busca criar um Centro Municipal de Referência a Mulher e um projeto de incentivo ao empreendedorismo feminino no município.
Campina Grande também dispõe, desde 2004, de uma Casa Abrigo, destinada as mulheres que sofrem violência doméstica e que precisam se afastar dos seus agressores para reiniciar suas vidas. Atualmente, no abrigo encontram-se duas mulheres, que recebem assistência social, psicológica e jurídica, no caso das que voltam para casa, a justiça determina afastamento dos agressores do domicílio.
Ana Cleide explica que qualquer mulher que se sentir violentada física ou psicologicamente pode procurar diretamente os órgãos do município que dão assistência direta a estes casos, são eles: O Centro de Atendimento às Vítimas de Crimes (CEAV); O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS); Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), em caso de estupro, o Isea é o órgão de saúde no município que presta assistência a esse tipo de crime. Além desses, as denúncias podem ser feitas as unidades de saúde dos bairros, aos Agentes de Saúde (ACS) ou diretamente na Delegacia da Mulher.
Para ex-secretária estadual de Política para as Mulheres e atual Assessora Técnica da Coordenação Especial de Políticas Públicas para as Mulheres, Douraci Vieira, os casos de violência contra a mulher não aumentaram em demasia, o que acontece hoje é que depois das políticas públicas estabelecidas em favor das mulheres e da criação da Lei Maria da Penha, as mulheres estão mais corajosas para denunciar. Outra coisa que faz com que acreditemos que estes casos aumentaram é o diagnostico do que é propriamente violência, “antigamente muitas atitudes violentas eram aceitas porque se criou uma cultura machista de que permitia qualquer tipo de atitude em favor da honra, até matar e ficar em pune, felizmente isso tem mudado, as mulheres estão mais conscientes e não aceitam serem pressionadas de nenhuma forma, disse a assessora. Douraci acrescenta que, o que houve realmente foi o aumento de crimes cruéis, que elencam tortura e esquartejamento.
Para ela a motivação da maioria dos crimes ocorridos em Campina Grande envolvendo mulheres está ligada ao envolvimento das vítimas com o tráfico, o que já caracteriza associações a violência de gêneros, quando exterminadores homens assassinam mulheres, como foi o caso da faxineira, Janete Vicente da Silva, que residia no bairro do Cruzeiro “Três homens que invadem uma casa de uma mulher que está na companhia dos filhos, mostra claramente a desproporção de força e de total indefesa da vítima”. Segundo a assessora os números de homens presos em Campina Grande chegam a 8 mil, já de mulheres chega a 300, grande parte delas assumem o lugar do companheiro no tráfico.
Assessoria