Automedicação pode levar à morte

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    A dona de casa Zélia Aurora da Silva ainda se recorda do dia em que sua avó, Josefa Maria da Conceição, morreu após ingerir um comprimido para dor de cabeça, cujo princípio ativo era a substância dipirona, utilizada como analgésico. Além do sofrimento de perder um ente querido, ela guardou consigo uma lição que a maioria da população teima em ignorar: a automedicação poder provocar danos à saúde e, inclusive, levar à morte, segundo alerta a Vigilância Sanitária Estadual.

    O problema é que comprar e tomar remédios por conta própria tornou-se tradição para muitas pessoas, que na maioria das vezes se deixam levar por campanhas publicitárias dos laboratórios fabricantes e deixam de procurar os médicos especialistas para cada tipo de doença ou sintoma sentido pelo paciente.

    Uma realidade que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da Vigilância Sanitária Estadual, condena e vem fiscalizando por meio de inspeções em farmácias e drogarias, já que o problema toma dimensões mais preocupantes quando um medicamento controlado é comprado sem prescrição médica. 

    De acordo com a gerente de Serviço de Controle de Medicamentos e Drogas da Vigilância Sanitária Estadual, Ianara Freitas, antes de tomar um medicamento por conta própria, é imprescindível procurar um médico. De acordo com a técnica, por mais simples que seja o problema, a exemplo de uma dor de cabeça, há princípios ativos que agem diferente em cada organismo, podendo sanar um problema e provocar outro.

    Um destes exemplos, ainda de acordo com a gerente, é o paracetamol, que muitas pessoas fazem uso indiscriminado, correndo o risco de ter um problema no fígado. “É importante ressaltar que, todo medicamento pode levar à cura, mas também desencadear outro problema. Por isso, não se pode usá-lo sem consultar um médico ou farmacêutico, que são habilitados para prescrever e discriminar de que forma e horários ele pode ser usado. São os chamados três mandamentos, que consistem em usar o medicamento certo, na dose certa e na hora certa”, orientou a especialista.

    Camuflar doenças – Segundo Ianara Freitas, o uso indiscriminado de medicamentos também pode acarretar na camuflagem de uma doença. Isso porque, conforme explicou, uma simples dor de cabeça pode ser sinal de um problema maior e, quando se faz uso de um analgésico, sem a orientação prévia de um médico ou a realização de um exame, o real problema pode estar sendo escondido.
     
    Com isso, a patologia que desencadeou a dor de cabeça será descoberta posteriormente, quando a doença estiver avançada e, muitas vezes, irreversível. “O uso indiscriminado de qualquer medicação é proibido, mesmo que alguém da família já tem feito uso e seu problema tenha sido resolvido. Até porque, dores de cabeça e febres representam um sinal de que há outra doença atacando o organismo, e nestes casos o médico deverá ser consultado”, recomendou Ianara Freiras. 

    Medicamentos podem causar deformação em bebês 

    Além de causar efeitos colaterais graves, choques anafiláticos para pessoas alérgicas, desencadear outras doenças ou camuflar algumas outras, há medicamentos que podem provocar deformidades. O mais famoso deles é o Talidomida, que se usado por gestantes durante os primeiros meses de gravidez para evitar enjôos, podem resultar na atrofia dos membros superiores e inferiores dos fetos, como se tornou freqüente no Brasil durante a década de 1950. 

    Por esta razão, médicos e farmacêuticos são capacitados sobre os critérios de prescrição e dispensação do medicamento, conforme determina a Anvisa, por meio da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 11/2011. Em Alagoas, a última capacitação para estes profissionais ocorreu no início deste ano, no auditório do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal) e foi ministrada pelas técnicas da Anvisa, Ruth Soares e Glória Latuf. 

    De acordo com a gerente de Serviço de Controle de Medicamentos e Drogas da Vigilância Sanitária Estadual, Ianara Freitas, as mulheres podem fazer uso do medicamento, desde que utilizem um método contraceptivo eficaz para evitar a gravidez. Isso porque, quando ministrada a mulheres que estão nas primeiras semanas de gestação, seus fetos podem ser gerados com deformações nos membros superiores e inferiores. 

    “A RDC 11/2011 trata especificamente desta questão, não proibindo o uso para as mulheres, mas, especificando em que oportunidades o Talidomida pode ser utilizada. O objetivo é evitar casos de Focomelia em fetos das mães que façam o tratamento da Hanseníase, ou para as que passem a utilizá-lo como anti-inflamatório, lúpus, câncer na medula óssea e artrite rematóide”, frisou Ianara Freitas. 

    Os primeiros casos de bebês com deformidade foram detectados em gestantes que fizeram uso do medicamento Contergan, no final da década de 1950. Para se ter idéia do poder do Talidomida, um único comprimido nos três primeiros meses de gestação ocasiona a Focomelia, que além das deformidades é caracterizada por defeitos visuais, auditivos, na coluna vertebral, além de problemas cardíacos e no tubo digestivo. 

    Dispensação só com talonário – Desde o dia 22 de março deste ano que a dispensação do Talidomida só pode ocorrer por meio do novo modelo de talonário autorizado pela Vigilância Sanitária Estadual. Por esta razão os talonários já foram entregues aos profissionais, junto à nova RDC 11/2011. Também desde o início deste ano que a embalagem do Talidomida passou a dispor de imagens de crianças vítimas da Focomelia, assim como o cartucho e o folheto explicativo para os médicos.
     
    Fonte:  Sesau

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