Cenário desolador nas obras da transposição do São Francisco

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    Capitaneados pelos líderes Bruno Araújo (PSDB), Antonio Carlos Mendes Thame (Minoria) e Rubens Bueno (PPS), deputados da oposição estiveram nesta sexta-feira (23) no trecho da transposição do rio São Francisco que a presidente Dilma não quis visitar recentemente, quando esteve na Região do Cariri, no Ceará. Completaram a comitiva os deputados Raimundo Gomes de Matos (CE), Vanderlei Macris (SP), Nilson Leitão (MT), Eduardo Azeredo (MG), César Colnago (ES), Eduardo Gomes (TO), Carlos Brandão (MA), Simplício Araújo (PPS-MA) e Felipe Maia (DEM-RN).

    Nas obras do trecho próximo a Mauriti (CE), que foram abandonadas ainda no final de 2012, o cenário verificado pelos deputados é desastroso. Onde foi escavado precariamente, o canal está tomado pelo mato e pela erosão que já ameaça o pouco que foi feito. Na área um pouco mais avançada, onde foram colocadas as placas de concreto que revestem o leito, o abandono também cobra seu preço: mais erosão, paredes com rachaduras e o risco iminente de perda das placas pela ausência da pressão da água que já deveria correr desde 2010 – ano previsto para a inauguração do empreendimento usado como maior mote da campanha petista na região nordeste.

    Supresos pela diferença do que viram pessoalmente e aquilo que é mostrado na propaganda oficial, os parlamentares lamentaram principalmente o descaso com que são tratados os ribeirinhos, que seriam os principais beneficiados pela obra. José Almir de Almeida, um senhor de idade avançada nas suas palavras “nascido e criado” na localidade de Coité (cortada ao meio pelo canal), chorou ao contar para os deputados seu drama.

    “Eu tinha aqui um hectare de terra, onde plantava caju, maracujá, feijão. E onde eu sonhava que meus sete filhos construissem suas casas, me ajudando no serviço. Veio essa obra, desapropriaram minha propriedade, derrubaram tudo e nem quiseram esperar a colheita do caju – que seriam em menos de um mês. Pagaram uma indenização que mal deu para construir uma casinha nova, me restou um quarto do que eu tinha de propriedade e agora vivo de biscates. E nada da água que prometeram”, contou. “O que eu vejo aqui é só desperdício, dinheiro jogado fora. Do que eles prometeram para nós, nada foi cumprido. Disseram que não ia prejudicar ninguém e o que aconteceu foi o contrário. Só prejuízo”, completa o ribeirinho.

    Ex-operários que trabalhavam na obra também foram demitidos e aguardam com uma ponta de esperança a retomada dos trabalhos. “Recebi meus direitos, eles prometerram que iam voltar e recontratar a gente e agora fico em casa o dia todo, esperando que as empresas voltem mesmo”, explica Cosme Santana. Desiludido, confirma que recebeu a indenização à época, mas faz uma ressalva. “A gente fica triste com tudo isso. Porque ninguém pediu que essa obra viesse. Eles vieram e agora deixaram tudo assim”, lamenta.

    Pernambucano, o líder tucano, Bruno Araújo, ressaltou que em seu estado o quadro é igualmente desolador. “Já foi mostrado em jornais nacionais as placas se soltando, o desamparo da população e comerciantes quebrados no trecho próximo a Floresta (PE). O que vimos aqui hoje é prenúncio de que vai ocorrer o mesmo no Cariri: ou seja, uma obra mal feita, abandonada e que precisará ser refeita. Isso explica o salto de mais de 80% do preço inicial e a prorrogação da sua conclusão para uma data que acho mais uma vez enganosa”, disse.

    Ascom

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