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Ex-diretor do Ministério da Saúde recebe voz de prisão na CPI da Pandemia

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O PRESIDENTE DA CPI DA PANDEMIA PEDIU A PRISÃO DO EX-DIRETOR DO MINISTÉRIO DA SAÚDE POR “MENTIR” EM DEPOIMENTO. OS SENADORES DIVERGIRAM SOBRE A DECISÃO ALEGANDO QUE OUTROS DEPOENTES TAMBÉM FALTARAM COM A VERDADE NA COMISSÃO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN.

Após quase oito horas de depoimento, o presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, anunciou a prisão do ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, por mentir à Comissão. Não aceito que a CPI vire chacota. Ele está preso por mentir, por perjúrio. E se eu estiver tendo abuso de autoridade que a advogada dele, qualquer senador me processe. Não estamos aqui para brincar não, ouvindo estorinha de servidor que pediu propina.

E todo depoente que estiver aqui que acha que pode brincar terá o mesmo destino dele. Ele que recorra à justiça, mas ele está preso e a sessão está encerrada. A defesa do ex-diretor citou coação, enquanto senadores governistas questionaram a legalidade da prisão destacando o funcionamento no mesmo horário do Plenário do Senado com votações em curso.

Alessandro Vieira, do Cidadania de Sergipe, que é oposição, também foi contrário à medida. Por mais uma oportunidade eu sugeri a prisão em flagrante aqui pelo crime de falso testemunho e acabou não sendo decretado por ser uma decisão exclusiva de Vossa Excelência. Todos nós sabemos que o depoente está mentindo, está ocultando fatos. Mas em respeito aos precedentes que vossa excelência estabeleceu, para que não reste nenhum tipo de dúvida e porque esse cidadão aí é um funcionário de um nível hierárquico mais baixo, já foi exonerado, já foi demitido, e a gente vai dar prisão para ele, e a gente não botou o general que estava mentindo na cadeia. Então, eu peço Vossa Excelência, com todo respeito, que avalie a reconsideração da decisão.

Omar Aziz citou informações do celular do vendedor de vacinas, Luis Dominguetti, que denunciou a cobrança de propina. Roberto Dias confirmou um encontro casual com Dominguetti, que na ocasião ofereceu 400 milhões de doses da Astrazeneca, mas negou a cobrança de propina. Apesar de o ex-secretário-executivo, Élcio Franco, ser o único autorizado a comprar vacinas da covid-19, Roberto Dias comentou que recebeu Dominguetti no Ministério da Saúde apenas para confirmar a veracidade da oferta e destacou que a negociação não avançou por falta de documentos.

O ex-diretor também negou qualquer pressão para acelerar o contrato de R$ 1,6 bilhão da covaxin. E acusou o deputado Luis Miranda (DEM-DF), autor das denúncias de irregularidades da vacina indiana, de retaliação por interesses frustrados no Ministério da Saúde, incluindo a nomeação do irmão dele, o servidor Luis Ricardo Miranda, para um cargo de chefia.

Roberto Dias insinuou proximidade do deputado com o representante da empresa Davati Medical Supply, Cristiano Carvalho. A grande verdade é que estou sendo vítima de ataques contra minha honra e integridade por duas pessoas desqualificadas, sem que nada, absolutamente nada, tenha sido provado e nem será.

Só se pode provar aquilo que é feito e, como nunca fiz, nunca será provado. A pergunta mais importante que fica: teria eu atrapalhado algum negócio do ilustre Deputado? Quem é Cristiano? Qual o interesse em me prejudicar? Por que só depois de três a quatro meses aparecem tais fantasiosos eventos referentes à minha pessoa? Sobre irregularidades no contrato da covaxin, a exemplo do sobrepreço e do pagamento para uma terceira empresa com sede em paraíso fiscal, Roberto Dias disse que assinou o documento com o aval da assessoria jurídica e que toda a negociação foi feita pelo ex-secretário, Élcio Franco, que teria se tornado desafeto. O senador Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, citou que a proximidade de Roberto Dias com o deputado Ricardo Barros (PP-PR) impediu a exoneração dele desde o ano passado apesar do pedido do ex-ministro Eduardo Pazuello. Para Rogério Carvalho, Roberto Dias está protegendo interesses escusos no Ministério da Saúde. Está aí mais um que vem a esta CPI blindar o andar de cima. V. Sa., indicado por Ricardo Barros, que foi denunciado por pedido de propina, mantém a estratégia do Governo de não apontar os responsáveis por tantas mortes e, pior ainda, por atos que cheiram a corrupção e que estão sendo desmascarados nesta CPI.

A gente está diante de mais uma pessoa que tenta confundir, vem aqui para confundir a opinião pública. O líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho, do MDB de Pernambuco, declarou que Luis Dominguetti tentava aplicar golpes e que a Astrazeneca reafirmou que as negociações foram diretamente com o Ministério da Saúde. Ele negou irregularidades na compra da covaxin ao destacar que o preço de cada dose sempre foi de US$ 15 e não de US$ 10.

Fernando Bezerra Coelho destacou ainda a competência de Roberto Dias no cargo de diretor de Logística. Um servidor que atuou legitimamente nesse processo, tratando apenas de aspectos protocolares quanto à idoneidade e seriedade da oferta de que tomou conhecimento, dentro dos limites de sua competência. Lembro que nenhum ato jurídico de negociação foi realizado pelo Sr. Roberto Ferreira Dias, mas meras conversas e sondagens iniciais com o propósito de verificar a viabilidade da oferta.

Antes do depoimento, a CPI aprovou a convocação do reverendo Amilton de Paula,  que negociou a venda da Astrazeneca; da diretora da Operadora Logística, Andreia Lima, que presta serviços para o Ministério da Saúde; e do servidor do Ministério da Saúde, William Santana, que participou das negociações de compra da covaxin. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

Fonte: Rádio Agência Senado

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