Conforme consta no processo, o casal manteve um relacionamento de 2017 a 2020. Durante esse período, o homem pedia ajuda financeira para a mulher afirmando que os empréstimos, dentre outras despesas realizadas em nome dela, seriam devidamente ressarcidos. Porém, a desconfiança em relação ao companheiro teve início em 2018, após um ano de relacionamento, quando ela notou a falta de folhas do seu talão de cheques durante uma viagem.
Ao perguntar a Bruno sobre o sumiço das folhas, o mesmo tentou manipulá-la emocionalmente, negando o furto, e dizendo que ela não confiava no namorado. Acreditando na palavra do namorado, a vítima decidiu registrar um boletim de ocorrência como “extravio das folhas de cheque”. No entanto, dois meses após o ocorrido, ao conferir o extrato bancário, ela identificou a compensação de um dos cheques, do qual ela nunca havia usado, no valor de R$ 3,6 mil, tendo sido devolvido por conta de divergência na assinatura.
Dessa vez, ao questionar novamente o homem, ele admitiu que havia subtraído a folha de cheque de R$ 3,6 mil da namorada, além das outras que haviam sumido dois meses atrás. Na época, com o intuito de driblar a mulher, ele disse ser um “homem fraco” e “desprovido de caráter”, mas por estar arrependido teria queimado os cheques restantes.
Por acreditar ter sido um episódio isolado, a empresária desculpou o golpista, mas voltou a ser roubada, quase um ano depois do ocorrido: mais dois cheques dela, no valor de R$ 3,5 mil cada, tinham sido devolvidos, novamente, por divergência de assinatura. Em 2020, último ano que o casal permaneceu unido, o uso de outros cheques – de R$ 5 mil – tornaram a aparecer na conta bancária da vítima.
Em uma das discussões, Bruno afirmou que, apesar de ter acesso livre a casa da namorada, nunca quis isso. “Eu imagino a tristeza que você deve estar sentindo, porque se eu estou. De certa forma é imperdoável o que eu fiz. Eu me preservo tanto para não invadir a privacidade de alguém, mas acabo fazendo o pior. Nunca quis ter a chave da sua casa. Nunca quis entrar lá sem você por respeito a sua individualidade, mas incoerentemente eu passo a mão no que não é meu, igual a um ladrão, igual a um desesperado. Sendo que você está me ajudando muito em tudo”, escreveu o golpista.
Em seguida, ele ressalta que já pediu para que ela se afastasse dele e que não é mau caráter. “Você também não me leva a sério quando eu falei inúmeras vezes para se afastar de mim. Você merece coisa melhor, merece paz, merece alguém que te trate bem, merece um homem de verdade e não essa porcaria que eu sou. Posso não ter sido durante a maior parte da minha vida, mas me tornei. As coisas foram acontecendo e eu não soube lidar. Passei por pessoas que me fizeram mal. Eu não sou mau caráter”, finalizou Bruno.
Golpista mandava mensagens manipuladoras para a vítima — Foto: Reprodução
Além dos furtos de cheques, a vítima realizou transferências bancárias para o estelionatário e o irmão dele, Alexandre Klabin, também indiciado no processo. Apesar dos crimes cometidos, a vítima continuou na relação, pois ele apresentava como justificativa para suas atitudes os prejuízos que estava tendo com a empresa.Só em transferências bancárias, em 2017, o prejuízo da mulher foi de R$ 309.540,00. Já em 2018, essa quantia subiu para R$ 1.901.030,53. Enquanto em 2019 chegou a R$ 288.320,00.
Segundo a denúncia, o ex-companheiro mantinha com a mulher um comportamento manipulador e, em uma das ocasiões, chegou a ameaçar a tentar contra a própria vida, por acreditar que ele não merecia uma mulher como ela. As investigações apontam, ainda, que, Bruno passou a desenvolver uma atividade clandestina de compra e venda de relógios luxuosos, por meio dos cheques furtados e transferências realizadas pela vítima.
Depois do fim do relacionamento, Bruno passou a ameaçar a vítima, o que fez com que ela entrasse com pedido de medidas protetivas na Justiça. Desde então, o homem nunca tentou reaver a dívida com a ex-namorada.