São Paulo acordou com as imagens de um prédio em chamas no coração da cidade. O prédio de 24 andares no Largo do Paissandu desabou no incêndio na madrugada desta terça, que teria começado por volta de 1h30. Ainda não há confirmação sobre número de mortos, mas há informações de que uma vítima teria desaparecido após o desabamento.
Por volta das 1h40, o Corpo de Bombeiros começou a divulgar informações no Twitter sobre os primeiros esforços para combater o fogo: “Incêndio em Apartamento, Largo do Paissandu, 100 – República. Em principio não há vítimas. 20 viaturas no atendimento, 45 homens. Aguardamos mais informações do local”.
Pouco depois, ficou claro que o cenário era dramático. Viviam no prédio, em ocupação irregular, 92 famílias, segundo os bombeiros. O edifício era uma antiga sede da Polícia Federal desativada. Não se sabe quantas pessoas ainda estavam no local enquanto as chamas tomavam conta dos apartamentos.
Uma pessoa chegou a ser vista no último andar pedindo socorro. “Subiu para 24 o número de viaturas no combate ao incêndio, 57 homens. Muito fogo pelo local. Há 1 vítima pedindo socorro no último andar. Aguardamos mais informações do local”, atualizou o Corpo de Bombeiros às 2h da madrugada.
Pouco depois, o prédio desabou, justamente quando os bombeiros tentavam resgatar a vítima a partir de uma operação lançada no prédio vizinho. A pessoa não foi localizada depois.
“Parte do prédio desabou”, informaram os bombeiros às 3h no Twitter.
O número de mortos e feridos ainda não foi informado, já que os bombeiros ainda tentam apagar focos de incêndio nos escombros. As chamas teriam atingido dois prédios vizinhos e o desabamento destruiu parte de uma igreja luterana que fica ao lado do edifício. O templo, chamado Martin Luther, é uma das primeiras paróquias evangélicas luteranas da capital paulista, inaugurada em 1908.
De acordo com os bombeiros, 160 homens trabalham no combate às chamas e 57 viaturas estão no local, além de um helicóptero. Equipes do Samu, da Defesa Civil, da Companhia de Engenharia de Tráfego e da Polícia Militar também trabalham na área.
Por volta de 4h15, homens da Defesa Civil começaram a reunir os moradores para um cadastramento prévio das famílias, para identificar a melhor forma de oferecer ajuda e abrigo.
Lixo e falta de elevadores teriam agravado incêndio
De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Marcos Palumbo, a ausência de elevadores no prédio e a presença de muito lixo no local teriam agravado o incêndio, funcionando como combustível para o fogo.
“Ele tinha elevadores que foram substituídos (retirados). Então, esses dutos de ar que eles tinham no meio, pelo fosso do elevador, eles acabam formando uma chaminé. Você tinha muito material combustível: madeira, papel, papelão, algo que fez com que essa chama se propagasse com rapidez”, disse Palumbo.
“E a própria estrutura do prédio, sem os elevadores, formando essa chaminé, fez com que causasse o incêndio de forma generalizada na edificação.”
‘Tragédia podia ser ainda maior’
O governador de São Paulo, Márcio França, criticou as ocupações irregulares em São Paulo e afirmou que a “tragédia poderia ter sido ainda maior” se os bombeiros não tivessem agido rapidamente.
“Esse móvel é da União. É uma estrutura muito leve, não permite ter residência. Nessas condições, é impossível viver. Eles vão jogando lixo no elevador e aquilo vai criando combustão. Em São Paulo, mais de 150 prédios são ocupados indevidamente”, afirmou, em entrevista à TV Globo.
Para o governador, o incêndio demonstra os “riscos” das ocupações irregulares.”O que temos que fazer é convencer as pessoas a não morarem desse jeito. E as pessoas que estão achando que estão ajudando, resistindo e tentando possibilitar que permaneçam nos imóveis estão proporcionando uma tragédia como essa.”
O edifíco que desabou era da União. Portanto, segundo França, para retirar as pessoas de lá à força, o governo federal teria que ter uma autorização judicial.
“Neste caso, o prédio era do governo federal. Teria que ter uma ação do governo federal, judicial, para tirar as pessoas. E o governo não faz isso porque não tem onde colocar.”
Questionado sobre de que forma o governo estadual e a Prefeitura poderiam ajudar as pessoas do prédio que desabou, ele afirmou que serão oferecidos abrigos e alugueis sociais às famílias.
“Nós estamos dando apoio à Prefeitura, que está levando essas pessoas para abirgos. Vamos dar o apoio necessário para que elas possam se estabilizar. Elas têm direito ao aluguel social, se quiserem. A gente paga enquanto não tem encontra apartamento para elas.”
Fonte/Imagens: BBC Brasil