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Pai sai de Roraima para doar rim à filha que não conhecia em Santarém

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Um homem saiu de Boa Vista em Roraima para conhecer a filha em Santarém, no oeste do Pará. O encontro já seria emocionante se fosse só pelo encontro, mas ao saber que a filha, Acalita Maria Dias, de 18 anos tinha um problema renal crônico, o pai quis fazer muito mais que só encontrá-la.

“Não esperava que ao conhecer o meu pai biológico receberia um rim de presente”, contou Acalita.

Sim, um rim. A jovem de 18 anos contou que teve a iniciativa de contactar o pai, Daniel Vieira, de 41 anos, pelas redes sociais. Os dois rapidamente começaram a conversar e Acalita falou ao pai sobre o problema de saúde que enfrentava.

“A gente não se conhecia e alguns dias antes de eu completar 17 anos tive a iniciativa de mandar uma mensagem para ele, falei que eu era filha dele. Ele logo me respondeu, conforme fomos conversando eu contei sobre a minha condição clínica, sobre a doença. Então, o meu pai pronunciou-se, perguntou como poderia fazer para ser meu doador. Eu fiquei em estado de alegria e choque”, contou Acalita.

Ao saber da condição da filha que acabara de encontrar, mesmo que virtualmente, Daniel não pensou duas vezes. Ele queria ajuda-la de alguma forma, por isso resolveu sair de Roraima para conhecer a filha, fazer o teste de DNA e os exames de compatibilidade para iniciar os tramites quanto à doação de rim para a jovem.

“Quando ela fez contato comigo eu fiquei feliz e depois triste por saber da situação. É muito ruim saber que um filho nosso tem uma doença crônica. Eu não pensei duas vezes e vim para Santarém. A equipe do Hospital fez tudo acontecer de forma satisfatória e acolhedora”, relembra ele.

Daniel Vieira saiu de Boa Vista para doar rim à filha, em Santarém — Foto: Divulgação/HRBA

Daniel Vieira saiu de Boa Vista para doar rim à filha, em Santarém — Foto: Divulgação/HRBA

Os dois passaram pelos procedimentos necessários, além de serem atendidos pela equipe efetiva do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), onde o procedimento foi realizado.

Acalita ganhou um rim novo do pai biológico em um transplante realizado em junho deste ano. No dia 13 de julho, médicos e os pacientes comemoram 1 mês desde o procedimento; o transplante é considerado um sucesso até o momento.

O transplante

Transplante foi realizado no mês de junho em Santarém — Foto: Divulgação/HRBA

De acordo com responsável técnico pelo serviço de transplante renal do HRBA, o nefrologista Emanuel Espósito, o transplante renal é uma alternativa de tratamento para a substituição da função renal indicado para pacientes que sofrem de doença renal crônica em estágio avançado, ou seja, quando ocorre a perda gradual e irreversível das funções dos rins. Ele explica que o procedimento cirúrgico total dura em média cerca de 8 horas.

“Cada transplante é muito marcante para toda equipe, porque sabemos que o paciente antes disso está passando por hemodiálise, que não é fácil, toda a rotina muda, muitos deles precisam sair da casa onde moram para estar perto do Hospital. O transplante leva esse paciente de volta para sociedade”, destaca o médico.

Sobre a Acalita, o médico fez questão de dizer que ficou ainda mais comovido por ser um encontro entre pai e filha. Ele enfatiza que a paciente teve uma doença renal crônica secundária, uma glomerulopatia, que é uma doença que nasceu no rim. Esse diagnóstico faz o rim perder proteína e com o tempo tira as funções do órgão.

“Ela foi presenteada duas vezes com o pai e com a doação do rim e tudo foi perfeitamente compatível. Nós fizemos uma série de avaliações com diversos especialistas, entre eles, cardiologista, reumatologista, urologista, nutricionista, psicólogo. O procedimento foi um sucesso, com resultado imediato, o rim já produziu urina logo em seguida e isso nos mostra que tem grandes chances de ter um bom funcionamento”, avaliou.

1 mês de transplante

Após a realização do transplante de rim, os dois ficaram cerca de 10 dias internados na clínica cirúrgica do hospital, onde houve o acompanhamento dos profissionais da saúde. Em geral, o tempo de recuperação demora cerca de 3 meses, contudo é fundamental seguir os cuidados orientados pelo médico nefrologista e estabelecer uma alimentação balanceada conforme recomendado pelo nutricionista.

O nefrologista Henrique Rebelo, nefrologista do HRBA, foi quem realizou a consulta de um mês de cirurgia de Acalita. O especialista fez questão de destacar a evolução da paciente e reforçar o sucesso do transplante.

Ela está muito bem, exames dentro do que esperamos, a evolução dela é excelente. Hoje, ela está com a função renal normal e vamos começar a modular a imunossupressão, retirando algumas medicações. Já é possível começar uma atividade física leve, como caminhada, para retornar às atividades normais que a jovem fazia antes da diálise”.

Serviço de Nefrologia do HRBA

O serviço de nefrologia faz parte do Hospital Regional do Baixo Amazonas há 15 anos. Iniciou com atendimento da hemodiálise e em 2016 foi feito o primeiro transplante renal com doador vivo. Antes, em 2009, o Regional já fazia captação de órgãos. Em 2018, a unidade começou a fazer parte do Sistema Nacional de Doação e Transplante de Órgãos.

O HRBA pertence ao Governo do Estado e é administrado pelo Instituto Social Mais Saúde. De janeiro até junho deste ano, o hospital realizou 13 procedimentos de transplantes. Todos com resultado positivo.

*colaborou Natashia Santana, da Ascom do HRBA.

Fonte: G1

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