Os ossos de indivíduos não adultos, inclusive bebês de 3 e 6 meses e crianças de 1, 2 e 6 anos, também apresentam marcas de corte de desmembramento, especialmente, nos ossos longos.
Ossos de 12 humanos de 1,6 mil anos foram encontrados em Pocinhos, na Paraíba. O responsável pelas esavações foi o professor Flávio Moraes, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em parceria com o arqueólogo Plínio Araújo Víctor.
De acordo com Moraes, povos indígenas do passado utilizavam afloramentos rochosos da região para sepultar seus mortos. O mais surpreender nesta descoberta, diz o professor da Ufal, são as marcas de cortes nas extremidades dos ossos.
— É como se os ossos fossem cortados pra desmembrar os indivíduos e eles pudessem caber dentro do mesmo espaço — diz Moraes. — Essa é uma evidência raríssima. No Nordeste, são encontrados uma variedade enorme de formas dos antepassados de sepultar seus mortos, mas só uma duas apresentam marcas como essa e nunca tão evidente como agora.
Entre a ossada, há 12 pessoas, sendo três adultos. Os ossos de indivíduos não adultos, inclusive bebês de 3 e 6 meses e crianças de 1, 2 e 6 anos, também apresentam marcas de corte de desmembramento, especialmente, nos ossos longos.
Como é possível saber que esse desmembramento foi feito pós-morte?
A gente já conhece o padrão de sepultamento dos povos pré-históricos. Os estudos que já ocorreram nao mesmo tipo de contexto apresentam evidências parecidas, em locais similares. Certa vez um grupo indígena do Nordeste, os Xucurus, foi perguntado o porquê desse tipo de sepultamento em abrigo sob rocha. Isso detona um cuidado com os mortos. Segundo eles, é como se fosse um ventre materno. Na cosmologia deles, essas pessoas que se foram elas não morrem, mas nascendo para uma nova vida. Nada mais natural colocá-los num ambiente como uma representação do ventre materno. Em outros sítios, a gente encontra indíviduos em posição fetal.
Por O Globo
Foto: Reprodução